Telemedicina: oportunidades e barreiras na utilização de teleconsultas na diabetes mellitus

Abstract

A Diabetes Mellitus (DM) é uma das doenças com mais desafios do século XXI na Europa. Além de ser uma das principais causas de morte apresenta complicações inerentes, resultando num aumento da incapacidade do indivíduo e em enormes custos de saúde. Por conseguinte, existe uma urgência em encontrar métodos que diminuam os gastos em saúde com a DM, ao mesmo tempo que se encontra a melhor solução de cuidados de saúde para o doente. A Telemedicina diz respeito a uma panóplia de serviços ligados aos cuidados com a saúde. Um desses serviços diz corresponde a teleconsultas em ambiente domiciliário, isto é, uma consulta fornecida por um médico distante do utente, através de um computador, onde o doente não necessita de se dirigir ao centro de saúde ou hospital. As teleconsultas em ambiente domiciliário ainda não foram implementadas em Portugal, sendo assim necessário averiguar quais os fatores que influenciam a intenção de uso deste serviço, por parte do utilizador, para uma possível implementação a nível nacional. O objetivo deste trabalho consiste em compreender quais as perceções dos doentes de diabetes Mellitus – ou dos seus cuidadores – e dos médicos no que respeita as teleconsultas em ambiente domiciliário. Para tal, foi desenvolvido um modelo de investigação baseado na Modelo de aceitação da tecnologia e na Teoria unificada de aceitação e uso da tecnologia. Verifica-se que a coerção, a privacidade de dados do doente e a relação médico-doente influenciam significativamente a intenção de uso das teleconsultas em ambiente domiciliário, por parte dos doentes. Do mesmo modo, há a indicação que as atitudes dos doentes, influenciadas pela utilidade percebida do serviço e tecnologia e pela facilidade de uso da tecnologia, poderão influenciar a intenção de uso. Paralelamente, verifica-se que as atitudes dos médicos, a privacidade de dados do doente e a relação médico-doente influenciam significativamente a intenção de uso das teleconsultas, por parte dos médicos, sendo que a coerção exerce uma menor influência. Por fim, verifica-se que a idade, tanto dos doentes diabéticos e cuidadores como dos médicos, não atua como moderador da interação entre as diferentes dimensões estudadas.

Diabetes Mellitus (DM) is one of the most challenged disease of the 21st century in Europe. In addition to being one of the prime causes of death, its possible complications may originate disabilities for the patient, which can lead to health costs’ enhancement. Hence, there is an urgency to find methods to reduce healthcare costs related with Diabetes while, at the same time, caring for the best health care solution for the patient. Telemedicine concerns an extensive healthcare services. One of those services corresponds to home teleconsultation, as is, a consultation provided by a doctor away from the patient, using a computer, where there is no need for the patient to go to a health center or hospital. Home teleconsultation has not yet been implemented in Portugal. Therefore, it is necessary to investigate the factors that predict the users’ intention of use of this technology for a possible national implementation. The aim of this study is to understand the diabetic patients’- or their caregivers’ – perceptions and physicians’ perceptions regarding home teleconsultations. To this end, a research model was developed based on the Technology Acceptance Model and the Unified Theory of Acceptance and Use of Technology. It is found that coercion, patients’ data privacy, and patient-doctor relationship have a significant influence in patients' intention to use home teleconsultations. Likewise, it is suggested that patients’ attitudes, predicted by perceived usefulness and perceived ease of use of the technology, may influence the intention to use. At the same time, it is found that physicians' attitudes, patients’ data privacy and patient-doctor relationship significantly influences physicians' intention to use the technology, as coercion exerts a lower influence. Finally, it is shown that the age does not act as moderator of the interaction between the different dimensions, both in patients and physicians.