Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/56395

TítuloA propagação de histórias através de múltiplos media: por um modelo conceptual de transmediação, adaptação e outros exercícios derivativos
Outro(s) título(s)The propagation of stories through multiple media: for a conceptual model of transmediation, adaptation and other derivative exercises
Autor(es)Sousa, Marta Sofia Freitas de Noronha e
Orientador(es)Martins, Moisés de Lemos
Zagalo, Nelson
Data24-Jul-2018
Resumo(s)Os media digitais e a cultura da convergência trouxeram consigo mudanças substanciais na forma como os media funcionam e como nos relacionamos com eles, e uma maior hibridez entre media e práticas mediáticas. Uma inovação é o que Henry Jenkins chama de transmedia storytelling, que consiste em narrar uma história (ou várias dentro de um mundo ficcional) através de vários artefactos, em vários media, de forma que cada entrega expande o mundo de forma coerente e complementar. O termo transmedia storytelling tem, contudo, sido aplicado a múltiplas práticas similares, como a adaptação, séries, sequelas, prequelas, remakes e reescritas, que também são narrativas e atravessam vários media, mas não obedecem aos mesmos princípios. O termo tem ainda sido usado para descrever práticas mais distantes, como influências estilísticas, merchandising, brinquedos e outras práticas promocionais, chegando até a dizer-se que todas as práticas mediáticas são, hoje, transmediáticas. Por outro lado, são constantemente criados novos termos para nomear este fenómeno ou outros aproximados. Esta situação causa tal confusão conceptual que se torna difícil delimitar e compreender o próprio fenómeno a estudar. Por essa razão, percebemos que era crucial desenvolver um quadro conceptual para descrever e distinguir o transmedia storytelling de outras formas derivativas. O que une o transmedia a formas narrativas como adaptações ou séries é o facto de propagarem histórias, de criarem novas narrativas (ou outros artefactos ficcionais), tendo como base conteúdos (eventos, personagens e cenários) de narrativas já existentes. Percebemos, contudo, que havia já uma multiplicidade de propostas teóricas em várias áreas distintas e, muitas vezes, isoladas umas das outras, dedicadas a formas derivativas, media ou contextos mais restritos. Mas, o fenómeno da propagação, em diversas formas, estende-se por múltiplos media, formatos e géneros, culturas e tempos. Assim, percebemos que seria redundante criar apenas mais uma tipologia assente numa amostra limitada de narrativas. Resolvemos, então, elencar as principais formas, com base nos modelos existentes, e construir, a partir daí, através do debate lógico e do estudo de alguns casos ilustrativos, uma proposta conceptual sintetizadora. Para tal, foi essencial adotar uma perspetiva transversal a todas as modalidades, para esclarecer o que elas têm em comum e o que as distingue umas das outras e de práticas aproximadas. Foi também essencial abandonar a posição avaliativa e hierarquizada habitual nestes estudos, para perceber as semelhanças e diferenças formais concretas. O estudo centrase nos textos, mas sob a perspetiva do seu design, ou seja, da sua estratégia de conceção. A abordagem adotada é a da Narratologia ou Poética, mas partimos, numa postura profundamente interdisciplinar, das Ciências da Comunicação para recorrer não só a contributos específicos sobre as formas de propagação (adaptação, transmediação, serialização, reescrita e intertextualidade), em qualquer medium narrativo, mas também a múltiplos estudos mais latos: a Semiótica e teorias da leitura, para perceber o processo de criação e receção de narrativas; os estudos estruturais e formais, em busca dos conceitos narratológicos básicos; os estudos dos media e dos seus atributos específicos para perceber como eles condicionam a propagação dos conteúdos; os estudos culturais, sociológicos, históricos e cognitivos, para perceber como as práticas se processam mentalmente, como são entendidas culturalmente e como evoluíram. Esta diversidade de fontes torna o trabalho muito extenso, mas permite-nos mapear os estudos e identificar os interesses investidos e como eles têm moldado as teorias e conceções existentes. O modelo resultante identifica, em primeiro lugar, quatro formas principais de propagar histórias, que podem ser usadas para criar uma só propagação ou várias, dentro de um mesmo medium, num medium distinto ou em vários em conjunto. Depois, o modelo descreve múltiplas formas mais específicas de propagação, mas funciona não tanto como uma tipologia de textos, e sim como um vocabulário de operações e elementos básicos, que permite - assim o esperamos - desenvolver um estudo e discussão mais sustentados destas práticas. No final, concluímos que a propagação pode obedecer a várias atitudes de criação e receção diversas, ligadas à forma como concebemos mentalmente as histórias, e que influenciam a sua avaliação, cujo reconhecimento poderá permitir encarar estas práticas de formas mais positivas, construtivas e criativas.
Digital media and convergence culture brought about substantial changes in the way media function and we relate to them, and an increasing hybridity between media and media practices. One innovation is what Henry Jenkins calls transmedia storytelling, which involves telling a story (or several within a fictional world) through several artefacts, in several media, so that each delivery expands the world in a coherent and complementary way. The term transmedia storytelling, however, has been applied to multiple similar practices, such as adaptation, series, sequels, prequels, remakes and rewritings, which are also narratives and cross multiple media, but do not follow to the same principles. The term has also been used to describe more distant practices, such as stylistic influences, merchandising, toys and other promotional practices. Some even argue that all media practices today are transmedial. On the other hand, new terms are constantly being created to name this phenomenon or related ones. This situation generates such conceptual confusion it becomes difficult to circumscribe and understand the phenomenon itself. Therefore, we realized it was crucial to develop a conceptual framework to describe and distinguish transmedia storytelling from other derivative forms. What unites transmedia and narrative forms like adaptations and sequels is the fact that they propagate stories, they create new narratives (or other fictional artefacts), based on contents (events, characters and settings) of already existent narratives. We realized, however, that there was already a multiplicity of theoretical proposals in several distinct areas, often isolated from each other, dedicated to more restricted derivative forms, media or contexts. But the phenomenon of propagation, in its diverse forms, spreads through multiple media, formats and genres, cultures and times. As such, we understood it would be redundant to create just one more typology based on a narrow sample of narratives. We decided, therefore, to catalogue the main forms, based on the existing models, and to build, from that, through logical debate and the study of some exemplary cases, a synthesising conceptual proposal. To do so, it was essential to adopt a transversal perspective to all the modalities, in order to clarify what they have in common and what distinguishes them, from each other and from other related practices. It was also essential to abandon the evaluative e hierarchized stance usual in these studies, so as to understand the concrete formal similarities and differences. The study is focused on texts, but from the perspective of their design, that is, of their conception strategies. The approach chosen is that of Narratology or Poetics, but, in a deeply interdisciplinary attitude, we proceed from Communication Sciences onto resort not only to specific contributions on the forms of propagation (transmediation, adaptation, serialization, rewriting and intertextuality), in any narrative medium, but also to multiple broader studies: Semiotics and theories of reading, to understand the process of narrative creation and reception; structural and formal studies, in search of the basic narratological concepts; studies on the main narrative media e their specific features to understand how they affect the propagation of contents; cultural, sociological, historical, and cognitive studies, to understand how these practices work mentally, how they are culturally understood and how they have evolved. Such diversity of sources extended the work considerably, but it allows us to map the studies and identify the invested interests and how they have shaped the existing theories and conceptions. The resulting model identifies, firstly, four main forms of propagating stories, which can be used to create a single propagation or several, within a single medium, in a different one or in several media at once. Then, the model describes multiple more specific forms of propagation, which work not so much as a typology of texts, but rather as a vocabulary of basic operations and elements, and so allows us - so we hope - to develop a more sustained study and discussion of these practices. Finally, we conclude that propagation may follow distinct attitudes of creation and reception, tied to the way we mentally conceive the stories, and which influence their evaluation, the recognition of which may allow us to face these practices in more positive, constructive and creative ways.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de Doutoramento em Ciências da Comunicação
URIhttps://hdl.handle.net/1822/56395
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento
CECS - Teses de doutoramento / PhD theses

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