Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/4907

TítuloPerturbação de stress pós-traumático em vítimas de acidentes rodoviários
Autor(es)Pires, Tânia Sofia Fernandes
Orientador(es)Maia, Ângela
Data2005
Resumo(s)Em Portugal a sinistralidade rodoviária é um tema actual, sendo um dos países da Europa com mais vítimas na sequência de acidentes. Apesar disso, investigações realizadas noutros países já reportaram as consequências do envolvimento em acidentes, mas no nosso país escasseiam os estudos sobre o impacto físico e psicológico dos acidentes rodoviários nas vítimas. Verdade incontestável é que todos os cidadãos poderão sofrer acidentes rodoviários enquanto utilizadores da via pública, sejam peões, condutores ou passageiros confrontando-se com as consequências sociais, económicas e na saúde física e psicológica. O desenvolvimento de perturbação psicológica não é raro, podendo co-existir com outras perturbações. Os acidentes são considerados pela literatura como acontecimentos potencialmente traumáticos que ocorrem repentina e inesperadamente, são emocionalmente perturbadores e ameaçam a integridade física dos indivíduos. A presente dissertação visa estudar o impacto psicológico dos acidentes rodoviários nas suas vítimas mais directas, em particular a incidência de Perturbação de Stress Pós-Traumático (PTSD) numa amostra de 42 participantes que estiveram envolvidos em acidentes e necessitaram de cuidados médicos. Esta investigação decorreu em dois momentos, alguns dias após o acidente e 4 meses após a primeira avaliação. Nas avaliações foram administrados como instrumentos de medida o Questionário Sócio-Demografico do Estudo sobre o Impacto dos Acidentes Rodoviários, o Questionário de Experiências Peritraumáticas (na primeira avaliação), uma Lista de Acontecimentos de Vida (CAPS), a Escala de Avaliação de Resposta ao Acontecimento Traumático, o General Health Questionnaire-12 e o Sickness Impact Profile. Os resultados sugerem que 54.8% dos participantes na primeira avaliação e 30.9% na segunda apresentam sintomas compatíveis com o diagnóstico de PTSD. Cerca de 31% dos participantes que na primeira avaliação tinham sintomas da perturbação deixaram de os apresentar na segunda. Daqueles que inicialmente não apresentam os sintomas de PTSD (45.2%) cerca de 7.1% passaram a apresentar esses sintomas na segunda avaliação. Os dados mostram também que a percepção de perigo se relaciona com os sintomas de PTSD em ambos os momentos da avaliação; a dissociação relaciona-se com estado geral de saúde na segunda avaliação, com o funcionamento físico e psicossocial, e com os sintomas de PTSD em ambos os momentos. Os sintomas de PTSD da primeira avaliação, o estado geral de saúde e o funcionamento físico e psicossocial relacionam-se com os sintomas de PTSD da segunda avaliação. Para além das relações estabelecidas, verificamos que a percepção de perigo, as respostas dissociativas, o estado geral de saúde e os sintomas de PTSD (da primeira avaliação) constituem importantes preditores para o desenvolvimento de PTSD 4 meses após o acidente. Estes dados permitem-nos concluir que a prevalência de PTSD em vítimas de acidentes rodoviários não é rara, à qual estão associados factores de âmbito diverso. Destacamos o papel da saúde e o bem-estar emocional no desenvolvimento de perturbação e no comprometimento do funcionamento nas diversas áreas a vida pelo que a intervenção precoce e a prevenção deverão ser objecto de análises e planificações cuidadas pela estrutura politica e social.
Although statistics on Portuguese road traffic accidents currently feature na unflatteringly prominent position among those provided by other European countries, there seems to be a lack of research concerning the physical and psychological consequences of such accidents among victims in our country. Unfortunately as pedestrians, drivers, or passengers, people of developed societies are all vulnerable to the socio-economic and health problems (both physical and mental)that can result from traffic accidents. The development of psychological disturbances (sometimes accompanied by other anomalies) is far from rare. Road traffic accidents are generally seen in literature as potentially traumatic events that can suddenly and unexpectedly occur, bringing emotional distress and threatening individuals’ physical integrity. The present dissertation aims to study the psychological impact of road accidents on the victims, in particular the incidence of Post-Traumatic Stress Disorder (PTSD) in a sample of 42 participants who, following their involvement in traffic accidents, required medical attention. This research took place in two separate moments, the first some days after the accident and the second 4 months later. The following instruments were used: the Socio-Demographic Questionnaire from the Study into the Impact of Road Traffic Accidents, the Peritraumatic Dissociative Experiences Questionnaire (in the first assessment only), a Life Events List (CAPS), the Scale of Traumatic Experiences Response (EARAT), the General Health Questionnaire – 12 (G.H.Q.-12) and the Sickness Impact Profile (SIP). The obtained results suggested that 54.8% of the participants in the first assessment and 30.9% in the second, present symptoms compatible with a diagnosis of PTSD. About 31% of those who in the first assessment had shown symptoms of PTSD ceased to do so in the second. Of those (45%) who had not presented symptoms of PTSD initially, 7.1% began to show symptoms in the second assessment. These results also show that perception of danger is correlated with PTSD symptoms in both instances of assessment; dissociation is correlated with the general state of health (at the second assessment), with physical and psychosocial functioning and with PTSD symptoms at both assessment times. PTSD symptoms, general state of health and physical and psychosocial functioning in the first moment are correlated with PTSD symptoms at the second assessment. It was also found that perception of danger, dissociation, general state of health, and PTSD symptoms (from the first assessment) are important predictors of the development of PTSD 4 months later. Based on this evidence it can be concluded that the prevalence of PTSD in road traffic accident victims is not rare, and that the condition is accompanied by a host of wide-ranging, associated variables. The general state of physical and emotional health plays a key role in determining the rate, extent and nature of the onset of stress disorder and of compromised functioning in various areas of life. Therefore, the earliest possible intervention, as preventive as possible in nature, should be carefully analysed by political and civil authorities.
TipoDissertação de mestrado
DescriçãoTese de mestrado em Psicologia, área de especialização de Psicologia da Saúde.
URIhttps://hdl.handle.net/1822/4907
AcessoAcesso aberto
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