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https://hdl.handle.net/1822/22919
Título: | Stressores e estratégias de coping com o luto conjugal: um estudo longitudinal em adultos idosos |
Autor(es): | Silva, Maria das Dores Ferreira da |
Orientador(es): | Alves, José Ferreira |
Palavras-chave: | Luto Processos de coping Stressores Modelo dual Adultos idosos Grief Bereavemen Coping processes Stressors Dual model Elderly adults |
Data: | 22-Nov-2012 |
Resumo(s): | O Modelo Dual de Processar o Luto sugere que uma boa adaptação ao luto constitui
um processo dinâmico, envolvendo o confronto e o evitamento de stressores orientados
para a perda e stressores orientados para o restabelecimento. Segundo Stroebe e Schut
(1999) a pessoa enlutada executa um movimento dinâmico de coping, denominado de
Oscilação, quando orienta a sua atenção de forma alternada para os diferentes
stressores. A utilização deste modelo no estudo de processos de luto, revela-se de todo o
interesse, porque nos permite identificar e compreender a natureza das tarefas do luto
com que o enlutado tem que lidar (stressores), bem como a forma como o pode fazer
(confrontando ou evitando). O presente trabalho apresenta dois objetivos centrais: a)
uma proposta de operacionalização do Modelo Dual de Stroebe e Schut (1999) e b) a
apresentação dos primeiros dados longitudinais do processo de luto em adultos idosos,
recorrendo à operacionalização proposta. Para a operacionalização do modelo dual
desenvolvemos dois inventários: um inventário de stressores de perda e de
restabelecimento e um outro de estratégias de coping orientadas para a perda e para o
restabelecimento. Como objetivos do estudo longitudinal estabelecemos os seguintes: a)
descrever o autorrelato da trajetória de stressores e de estratégias de coping com o luto
nos primeiros dezassete meses após a perda; b) avaliar as diferenças na evolução das
dimensões do Modelo Dual de Processar o Luto em função da idade, da escolaridade e
das circunstâncias da morte; c) avaliar a existência de Perturbações Prolongadas do Luto
e sua associação com os stressores e as estratégias de coping; d) avaliar o
comportamento dos stressores e das estratégias de coping em função de estilos de
vinculação; e) avaliar a associação entre os stressores e estratégias de coping e o estado
geral de saúde. Dos cento e noventa e nove (199) contactos, cinquenta e nove (59)
aceitaram integrar a amostra de participantes. A amplitude de idade dos participantes
situou-se entre os 65 e os 85anos, (M=72.49 e DP=6.18). As participantes responderam
aos seguintes instrumentos de avaliação: Mini – Cog, (Doerflinger & Fairfax, 2007).
Questionário Sociodemográfico (QSD) e Escala de Vinculação do Adulto (Adaptação
de Canavarro, M, C, 1995; versão portuguesa da Adult Attachment Scale-R; Collins &
Read, 1990). Além destes instrumentos, que só foram aplicados uma vez, todos os seguintes foram aplicados em todos os momentos do estudo, de quatro em quatro meses até perfazer um total de dezassete meses: o Inventário de Stressores Orientados para a
Perda e para o Restabelecimento (ISOPR), Inventário de Estratégias de Coping
Orientadas para a Perda e para o Restabelecimento (IECOPR) e o Questionário Geral de
Saúde (Adaptação de McIntyre, McIntyre & Redondo, 1999; versão portuguesa do
General Health Questionnaire (12); Goldberg, 1981). Administrámos, ainda, um outro
instrumento a partir do 9º mês que foi Perturbação Prolongada do Luto (PPL-13)
(Traduzido por Silva e Ferreira-Alves (2009). Versão para investigação de Prolonged
Grief Disorder (PGD -13) (Prigerson & Maciejewski, s/d). Os resultados mostraram
que o autorrelato da experiência dos stressores de perda indicava uma maior intensidade
desses stressores nos primeiros tempos do que nos tempos mais tardios (17 meses após
a perda) apoiando, deste modo, o postulado por Stroebe e Schut (1999) para o Modelo
Dual de Processar o Luto. Apurámos que o autorrelato do uso de estratégias de
evitamento com a perda foi significativamente maior nos primeiros 5 meses do que
passados 17 meses. Verificámos que as participantes com idades compreendidas entre
os 65 e os 74 anos tendem a experienciar mais intensamente os stressores de perda nos
primeiros tempos do que em tempos mais tardios, o mesmo sucedendo com o uso das
estratégias de evitamento com a perda que diminuem significativamente com o tempo.
Relativamente à escolaridade, constatámos que as participantes com escolaridade usam
mais estratégias de evitamento da perda nos primeiros meses do que em momentos mais
tardios no luto. As participantes cuja morte do cônjuge se antecipava, experienciaram
com mais intensidade os stressores de perda no primeiro mês do que no décimo sétimo mês. Os resultados indicaram que o estado geral de saúde das participantes é pior nos
primeiros cinco meses do que no décimo sétimo mês. Identificámos, apenas, uma
participante com Perturbação Prolongada do Luto. Para as participantes com um estilo
de vinculação seguro o autorrelato da experiência dos stressores de perda indicou uma
maior intensidade destes stressores nos primeiros meses do que após dezassete meses a
perda ter ocorrido. Os resultados deste trabalho fornecem, a par de Caserta e Lund
(2007), apoio empírico ao modelo de Stroebe e Schut (1999). Em termos de implicações
práticas, os resultados indicam que um processo de ajuda às pessoas idosas que
sofreram uma perda conjugal é um processo que tem de integrar de forma adaptada a
cada indivíduo, a compreensão dos stressores de perda e de restabelecimento bem como
o uso de formas de coping de confronto e de evitamento com a perda e com o
restabelecimento. The Dual Process Model of Coping with Bereavement suggests that a good bereavement adaptation is a dynamic process, involving the confrontation and the avoidance of stressors aimed at the loss and stressors oriented for the restoration. According to Stroebe & Schut (1999), the bereaved person performs a dynamic coping movement, designated Oscillation, whereby his/her attention is oriented alternately towards the different stressors. The use of this model in the study of bereavement processes, is of the utmost complete interest, as it allows us to identify and understand the nature of the bereavement with which the bereaved has to deal (stressors), as well as the manner how it can be done (confrontation or avoidance). The current work has two central objectives: a) an operationalization proposal of the Dual Process Model by Stroebe & Schut (1999) and b) a presentation of the first longitudinal data of the bereavement process in elderly adults by using the proposed operationalization. Two inventories for the operationalization of the dual process model were developed: A loss stressors and restoration inventory and a coping strategies oriented towards loss and restoration inventory. The established study purposes were the following: a) describe the self-report of the stressors trajectories and the bereavement coping strategy with the first seventeen months after the loss; b) evaluate the different evolution dimensions of the Dual Process Model of Coping with Bereavement based on age, education and the circumstances of death; c) evaluate the existence of Prolonged Grief Disorders and their association with stressors and coping strategies; d) evaluate the behavior of the stressors and the coping strategies depending on attachment styles; e) evaluate the association between the stressors and coping strategies and the general state of health. Of the hundred and ninety nine (199) contacts, fifty nine (59) accepted to be integrated in the participant sample. The age range of the participants was between 65 and 85 years old, (M=72.49 and DP=6.18). The participants responded to the following assessment instruments: Mini – Cog (Doerflinger & Fairfax, 2007), Socio-demographic questionnaire (SDQ) and the Adult Attachment Scale (Adapted from Canavarro, M, C, 1995; the Portuguese version of the Adult Attachment Scale-R; Collins & Read, 1990). Besides these instruments, which were only applied once, all the following instruments were applied at all times of the study, every four months until reaching a total of seventeen months: Stressors Oriented to Loss and Restoration Inventory (SOLRI), Coping Strategies Oriented to Loss and Restoration Inventory (CSOLRI) and the General Health Questionnaire (GHQ) (Adaptation of McIntyre, McIntyre & Redondo, 1999; the Portuguese version of General Health Questionnaire (12); Goldberg, 1981). Another instrument was also administered starting from the 9th month which was the Prolonged Grief Disorder (PGD-13) (Translated by Silva & Ferreira-Alves (2009)). Research version of the Prolonged Grief Disorder (PGD -13) (Prigerson & Maciejewski, s/d). The results showed that the self-report of the experience of the loss stressors indicated a higher intensity of these stressors in the earlier period than in the later period (17 months after the loss) thus supporting what was the postulated by Stroebe & Schut (1999) for the Dual Process Model of Coping with Bereavement . We also determined that the self-report of the use of loss avoidance strategies was significantly higher in the first 5 months than after 17 months. We also determined that the participants with ages between 65 and 74 years tended to experiment more intensely the loss stressors in the earlier period than in the later period, and the same happens with the use of the loss avoidance strategies which significantly diminish over the course of time. In regards to education, we also observed that the participants with higher education used more loss avoidance strategies in the first months than at a later period of bereavement. The participants, whose spousal death was expected, experienced more intensely the loss stressors in the first month than in the seventeenth month. The results indicated that the general health state of the participants is worse in the first five months than at seventeenth months. Only one participant was identified with Prolonged Grief Disorder. In the case of the participants with a safe attachment style, the self-report of the loss stressors experience indicated a bigger intensity of these stressors in the first months than seventeenth months after the loss occurrence. The results of this work provide, alongside Caserta & Lund (2007), an empirical support of the model established by Stroebe & Schut (1999). In what concerns the practical implications of this study, the results indicate that an aid or support process supplied to elderly people who have suffered spousal loss is a process that must integrate (in a manner adapted to each individual) the understanding of loss stressors and reestablishment as well as the use of coping manners pertaining to confrontation and avoidance of loss and reestablishment. |
Tipo: | Tese de doutoramento |
Descrição: | Tese de doutoramento em Ciências da Educação (área de especialização em Psicologia da Educação) |
URI: | https://hdl.handle.net/1822/22919 |
Acesso: | Acesso aberto |
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